Via de regra todos nós começamos a trabalhar sem ter aprendido a planejar nossas finanças. Começamos a ganhar dinheiro e tomar decisões sobre o que fazer com ele. Vamos aprendendo na prática. Infelizmente, algumas poucas decisões ruins podem comprometer bastante a sua tranquilidade financeira.
Por exemplo: começamos a trabalhar e não queremos mais andar de ônibus. O que fazemos? Financiamos um carro. Afinal, com um salário fixo podemos pagar a parcela. Provavelmente muita gente que está lendo este texto fez isso, incluindo eu mesma. Na época parecia o óbvio a fazer. Trouxe mais conforto? Sim. Financeiramente foi o melhor? Provavelmente não. No meu caso o impacto foi pequeno. Em poucos meses eu antecipei as parcelas e terminei de pagar, mas outras decisões podem comprometer a renda familiar por muitos anos, como o caso de um financiamento imobiliário. Mesmo que possa arcar com as parcelas do financiamento, a pessoa fica com aquele compromisso e pode deixar de fazer outras coisas porque tomou esta decisão lá atrás.
Outro ponto que não aprendemos a lidar: com exceção da contribuição oficial obrigatória para a previdência, quem começa a se preparar para a aposentadoria quando começa a trabalhar? Quase ninguém… Não gostamos de pensar no futuro, nosso cérebro não está programado para isso e o contexto social também não ajuda. O resultado pode ser bastante triste: uma velhice com um padrão de vida muito aquém do que poderia ser atingido se houvesse um pouco de preparação ao longo dos anos. Não estou falando de privações hoje para usufruir amanhã, mas sim de um equilíbrio entre o conforto do presente e o que queremos para o futuro.
Por fim, o menos óbvio e talvez mais importante de todos: a construção dos nossos hábitos em relação ao dinheiro é uma das coisas que mais pesa no nosso sucesso (ou insucesso) financeiro, pois pequenas decisões tomadas milhares de vezes acabam tendo um peso grande. Estou falando aqui de várias pequenas coisas, desde economizar nas compras, avaliar se estamos gastando naquilo que nos traz felicidade (muitas vezes pequenos gastos não tão relevantes acabam “sabotando” um objetivo futuro muito mais importante), até o hábito de poupar e aprender a investir. Há muitos hábitos financeiramente saudáveis que podemos incorporar na nossa vida.
O planejamento financeiro nos ajuda a prestar atenção no impacto das nossas decisões. Ele é uma ferramenta poderosa para as grandes e pequenas decisões, pois quanto mais prestamos atenção às nossas finanças, mais natural se torna “fazer a coisa certa” porque já temos consciência da importância disso.